Marcelo Rebelo de Sousa celebra «ifṭār» na Mesquita Central de Lisboa

Ao pôr-do-sol do dia 14 de abril de 2023, durante o mês de Ramadão do 1444º ano islâmico, o Presidente da República Portuguesa Marcelo Rebelo de Sousa celebrou ifṭār (‘rutura do jejum’) na Mesquita Central de Lisboa, com centenas de muçulmanos, contando com a presença de outras personalidades, entre as quais o presidente da Comunidade Islâmica de Lisboa (CIL) dr. Mahomed Iqbal, assim como do anterior presidente da Comunidade dr. Abdool Magid Vakil. Estive presente no encontro, a convite da própria CIL.

Apreciei a maneira fraterna e empática como o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa se dirigiu à comunidade islâmica. Abriu a sua intervenção com um caloroso «as-Salām ‘alaykum», disse que «ainda não havia Portugal e já havia comunidade islâmica em Portugal, já havia comunidade islâmica em Lisboa», assim mencionando os tempos do Gharb al-Andalus e relembrando a relevância histórica e cultural do Islão na história de Portugal.

A seguir referiu de forma igualmente fraterna a Comunidade Ismaili de Lisboa, recentemente vítima de um trágico atentado. Falou de Paz, logo deixando aquela que me pareceu ser a mensagem central do seu breve discurso, em que realçou o vínculo identitário e comunitário entre Portugal e os muçulmanos lusitanos: «O Presidente de Portugal é o vosso Presidente, e vós sois dos queridos compatriotas que permanentemente o Presidente tem no seu pensamento».

Fiquei impressionado pelo modo como os irmãos e irmãs da comunidade islâmica lhe tributaram afeição e carinho, amplamente retribuídos pelo Presidente da República, tanto no pátio da mesquita, como durante o jantar que teve lugar a seguir, no qual tive a ocasião de trocar novamente algumas palavras cordiais com ele, alguns anos depois de o ter encontrado pela primeira vez no verão de 2019.

Durante o evento na mesquita central, ouvi também uma parte do discurso do presidente da Câmara Municipal de Lisboa Carlos Moedas («Esta é a mais antiga comunidade islâmica da Península Ibérica, e eu tenho um orgulho enorme exatamente por isso»), assim como as palavras do imã da mesquita central Shaykh Munir e do já mencionado presidente da CIL dr. Mahomed Iqbal.

Merece igualmente uma menção o estimado editor dr. Mahomed Yiossuf Adamgy, o maior divulgador do Islão na história da CIL (fundada em 1968), que ofereceu alguns livros ao Presidente da República, na sala de culto da mesquita.

Fora de qualquer discurso de “baixa política”, e sem negar os desafios globais e locais que existem, a minha sensação foi esta: um bom encontro, que testemunha o cultivo de valores nobres assim como a existência palpável, em Portugal, de uma dimensão de fraternidade entre muçulmanos e não muçulmanos, a qual nem sempre registamos da mesma forma, no século XXI, em todas as outras partes da Europa.

Agradeço à CIL pelo convite.

E o louvor pertence a Deus.