Hoje, dia de ʿĪd al-Fiṭr (Eid al-Fitr), numa tarde de sábado e de festividade, tive o tempo e a grata oportunidade de participar num encontro organizado pelo Núcleo de Meditação da Associação de Estudantes da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, por ocasião do chamado Dia da Terra. Foi um encontro muito cordial, em que ouvi palavras de valor.
No jardim do Campo Grande em Lisboa, em conversa com praticantes de algumas confissões e sensibilidades religioso-espirituais, ouvi um jovem de cerca de vinte anos, Alexandre Severo, coorganizador do evento juntamente com Manuel Sanches, dizer que a sua busca espiritual tinha partido da questão «O que há depois da morte?». Fiquei tocado por haver pessoas tão jovens a questionarem-se acerca de um dos assuntos dos mais importantes por serem meditados. Relembrei-me da minha própria juventude.
Ouvi o monge budista Burin (que falou por meio digital) dizer que «o Supremo Bem é Uno» e mencionar de forma respeitosa o nome de Muhammad ﷺ. Ouvi António Rafael, amigo e praticante de Yoga, falar da importância de desenvolvermos a intuição acima e para além da mente raciocinante. Relembrei-me de Deus e de que devemos ser conscientes Dele.
Ouvi a Luísa Borges, da qual já hospedei um ensaio no livro Orpheu Filosófico (em coautoria com Joaquim Pinto, ele também presente), falar de como os celtas tinham os ciclos da natureza na maior consideração no que respeita à espiritualidade. Relembrei-me do Islão – em que a natureza é recetáculo de sinais de Deus e criação Sua por ser responsavelmente respeitada – enquanto síntese que cumpre a revelação, e que se manifesta para retificar o que tivesse sido erroneamente interpretado no passado.
Ouvi também a Adélia Marques, da Comunidade Mundial de Meditação Cristã, dizer que depois da sessão ia visitar amigos muçulmanos que festejavam ʿĪd al-Fiṭr, que marca o fim do jejum do Ramadão. Gostei de ouvir esta doce intenção numa tarde de sol, em que o barulho dos aviões sobre o Campo Grande não interrompia o fluxo da alegria e da escuta respeitosa entre nós. Relembrei-me da minha avó materna, por alguma razão.
Dei um modesto contributo ao falar de Sufismo, a dimensão mística e interior do Islão, mas o que mais retiro deste encontro fica para lá do que disse, antes é o que ouvi, e que me faz refletir sobre assuntos fundamentais da espiritualidade: a morte, a unidade divina, a intuição, a natureza, a fraternidade humana. Relembrei-me da ideia antiga de começar a escrever um diário dos eventos em que participo. Ei-lo aqui, a começar.
Fico muito grato aos organizadores e aos presentes. Votos de Paz para todos. E o louvor pertence a Deus.


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