O Museu Municipal de Tavira inaugurou a 18 de maio a exposição A Principal do Reino do Algarve – Tavira no séculos XV e XVI, que celebra os 500 anos da elevação de Tavira a cidade. O catálogo da exposição contém um artigo de Fabrizio Boscaglia, sobre «Tavira e as religiões no século XVI: notas sobre cristãos, cristãos-novos e mouriscos».

Comissários da exposição são Jorge Queiroz e Daniel Santana, cuja intervenção, no contexto da inauguração da própria exposição, pode ser vista em vídeo disponível online.

A exposição, que se segue ao seminário Um Mundo Novo – Portugal e o Algarve nos séculos XV e XVI, encontra-se aberta e visitável até ao fim de 2020.

«As dinâmicas religiosas a considerar, no que respeita a Portugal quinhentista, são necessariamente dinâmicas globais, mesmo quando emergem ou são lidas numa dimensão local, por causa da projeção planetária que a civilização cristã e o próprio Catolicismo tiveram na sua tentativa e efetiva ação de expansão, particularmente no século XVI e no que respeita a Portugal, na época que mais define a história e as narrativas da chamada Era dos Descobrimentos.

O contexto histórico e religioso em que o presente escrito pretende destacar figuras e questões religiosas relacionadas com Tavira é, pois, o de um mundo atravessado por profundas fraturas e linhas de conflito, de encontro e (muitas vezes) de desencontro entre religiões e comunidades religiosas. Trata-se, além disso, de décadas que irão globalizar e tornar cada vez mais críticos os vetores identitários do Catolicismo, do relacionamento deste com as outras religiões e, mais em geral, das dinâmicas e tensões entre religiões, na modernidade. Tavira é parte deste mundo quinhentista e é, do ponto de vista da sua cosmovisão, este mesmo mundo.»

BOSCAGLIA, FAbrizio, «Tavira e as religiões no século XVI: notas sobre cristãos, cristãos-novos e mouriscos», A Principal do Reino do Algarve – Tavira nos séculos XV e XVI, Tavira, Museu Municipal de Tavira-Palácio da Galeria, 2020, p. 145.